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Deputado José Guimarães PT-CE, lider do governo na Câmara Federal |
Há um mês, quando Eduardo Cunha impediu a
apreciação dos vetos presidenciais à chamada pauta bomba, o mercado reagiu
negativamente. O natural seria uma reação positiva agora, diante da manutenção
dos vetos aos projetos que trariam grandes danos fiscais ao pais, ainda que a
vitória do governo tenha sido por uma margem pequena de votos. Mas é
indiscutível que ela só foi possível porque houve uma significativa melhora no
ambiente político. Se as crises são gêmeas e nutrem-se uma da outra, seria
também razoável esperar algum bom sinal da economia. No mínimo, é certo que as
coisas não vão piorar, como aconteceria caso os vetos tivessem sido derrubados
pelo Congresso em mais um surto de descompromisso com o país.
E por que o ambiente político melhorou? Razões
diversas mas entre as mais importantes estão as duas mudanças que a presidente
Dilma fez em sua equipe palaciana. As presenças de jacques Wagner no Gabinete
Civil e a de Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo fizeram diferença na
relação com o Congresso, depois de nove meses de conflito aberto, Eles
desobstruiram canais de diálogo com os agentes políticos e os partidos. Jogam
em fina sintonia, combinando aspectos políticos com os de gestão e os
econômicos. Reduziram as tensões e têm sido econômicos em palavras.
O inferno moral do presidente da Câmara foi uma
segunda importante variável, que resultou na debilitação do projeto de
impeachment da presidente pela oposição e numa reaproximação tácita dele
com o governo. Nas últimas duas semanas Cunha não criou problemas para o
Planalto. Se não ajudou, não atrapalhou.
A movimentação do ex-presidente Lula também
produziu seus efeitos. Ele reaproximou do PT e do governo setores que haviam se
distanciando, especialmente no PMDB, PP e PRB, e ao reingressar na cena
política, melhorou as expectativas políticas de áreas do setor produtivo
deprimidas pela crise.
E com tudo isso, o governo conseguiu recompor-se
com uma fração razoável de sua base parlamentar, o que lhe permitiu aprovar na
semana passada o projeto de repatriação de recursos não declarados depositados
no exterior, sob forte ataque da oposição, e nesta semana manter vetos
importantes da chamada pauta bomba, com destaque para o aumento dos servidores
do Judiciário e a vinculação de todas as aposentadorias do INSS ao reajuste do
salário-mínimo. Afora isso o governo ainda conseguiu aprovar alguns projetos de
crédito suplementar.
A mídia destacou muito o fato de o Congresso ter
derrubado dois vetos. Um, de ordem eletioral, mantendo a obrigação de
impressão do voto pela urna eletrônico. Como Dilma, eu também acho isso uma
involução mas se querem, que experimentem, embora o TSE esteja detestando a
ideia, que lhe imporá mais gastos e providências técnicas. O outro veto
derrubafo foi o do projeto do senador Serra, determinando que os bancos
repassam aos governos estaduais os depósitos judiciais num prazo de 15 dias.
Obviamente os governadores mobilizaram suas bancadas para fazer valer uma
medida que lhes dará alguns recursos neste tempo de vacas magras na
arrecadação. Estes dois vetos caíram mas outros dez foram mantidos e eles é que
de fato importam, pela repercussão econômica que a derrubada teria.
Importante mesmo foi esta primeira mudança no
vento, que aponta a melhora do ambiente político, fonte de boa parte dos
males econômicos.
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